Os catastrofistas de plantão insistem em projetar cenários cada dia mais pessimistas para a economia brasileira este ano. “Especialistas afirmam que o desemprego vai aumentar, o lucro das empresas vai cair e a economia vai parar de crescer”, ouve-se nos telejornais, sem mostrar a cara desses “especialistas”.
Talvez sejam os mesmos que previram que as bolsas iam subir, que o dólar ia cair, que o petróleo ia chegar a US$ 200,00 o barril e que a bolha imobiliária dos Estados Unidos não iria explodir. E que antes mostravam as caras na busca do lucro fácil das consultorias mas que hoje não têm coragem de se expor. Se exibiam de asa delta como arautos da prosperidade e hoje chafurdam no fundo do poço como escafandristas da lama. Palpiteiros com “achismos” especulativos sem fatos que sustentem seus argumentos vão na onda do sentimento globalizado de tragédia financeira.
Ora, ninguém é tolo de afirmar que a crise não existe, mas existe muita tolice nas palavras dos catastrofistas. Primeiro porque essa crise é financeira, e foi localizada no crédito hipotecário norte americano, e por conta da globalização teve reflexos no mundo todo. Mas no caso brasileiro especificamente o impacto está sendo menor que o projetado pelos “especialistas”. E as recomendações, essas sim, remetem a tragédias.
A crise foi provocada pela irresponsabilidade dos bancos, que não foram punidos, muito pelo contrário, receberam fortunas de aporte de recursos dos governos e não estão investindo na produção o quanto deveriam para reaquecer as economias. Continuam especulando e repetindo os mesmos erros que levaram à crise. Justificam os altos juros diante do aumento da inadimplência, que aumenta justamente por causa dos juros extorsivos. É o cachorro correndo atrás do rabo.
“As empresas devem se prevenir e cortar gastos”, todos “especialistas” recomendam. É o mesmo que dizer para cortar os pés porque é preciso economizar sapatos. É a crise de expectativas que pode, essa sim, aprofundar muito os problemas financeiros de todo mundo. Se as empresas não investirem, se os bancos não financiarem os investimentos, se a produção não for ao menos mantida, o caminho para a recessão será inevitável.
Não são esses os custos a serem cortados, ao menos no Brasil. A fórmula tupiniquim é a mesma de sempre: cortar juros, principalmente o tal “spread” bancário, um abuso descarado pela prática da usura, desonerar as empresas e os assalariados e, principalmente, cortar gastos do governo, esse sim oneroso, perdulário e ineficiente, que há muito tempo já cortou os pés mas ainda continua gastando com sapatos.
sexta-feira, 30 de janeiro de 2009
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