quarta-feira, 7 de janeiro de 2009
Nem tão bucólica assim, mas ainda aprazível
Diziam, em tom jocoso de chacota, há cerca de vinte anos em Barão Geraldo, que após as 23 horas passava um homem pelado correndo pelas ruas do centro do distrito. A piada pretendia mostrar que, como não havia ninguém nas ruas, não havia testemunhas de tal fato. Realmente após esse horário o distrito estava deserto, e não havia estabelecimentos abertos.
Era impossível encontrar o que fosse para comprar ou fazer após esse horário, pois não havia bares, restaurantes e as atuais lojas de conveniência nem eram imagináveis. Mas ainda existiam vigias noturnos, que faziam a ronda de bicicleta pelos bairros, e que de tempos em tempos faziam soar um apito para tranqüilizar a população de que tudo estava bem.
No pacato lugarejo ainda se tomava a “fresca” em cadeiras postadas nas calçadas nas noites mais quentes de verão, e muitas famílias se davam ao direito de dormirem com as janelas abertas para aproveitar a suave brisa da madrugada. Os crimes eram muito raros, vez ou outra ocorriam pequenos furtos e desentendimentos familiares ou pessoais. E só!
Campinas já era uma metrópole e sentia os efeitos do desenvolvimento. Já existiam casas noturnas que varavam a noite e os crimes mais graves, como roubos, assaltos, seqüestros e tráfico, já eram freqüentes. Mas Barão Geraldo, ou Sousas e Joaquim Egídio, distritos mais isolados, ainda preservavam a tranqüilidade de pequenas cidades do interior. O sossego só era quebrado por eventuais festas de repúblicas de estudantes, reprimidas pela polícia acionada pela vizinhança.
Abrir novos empreendimentos em Barão era muito arriscado, principalmente bares e restaurantes. Casa noturna nem pensar. A população do distrito não prestigiava essas iniciativas por temor de perder a tranqüilidade. Foram inúmeros os empreendimentos que fracassaram por falta de clientes. Os moradores de Barão, quando queriam sair para passear, jantar ou se divertir, iam para Campinas, ou mesmo para São Paulo e outras cidades, mas não em Barão. O distrito era local para morar com sossego e tranqüilidade.
Mas os tempos mudaram, e o crescimento vertiginoso de Barão Geraldo e a proliferação de condomínios fechados fizeram crescer a necessidade de oferta de mais produtos e serviços para essa nova população. O aumento da violência em Campinas fez crescer a preferência pelas opções locais de compras e diversão. Afinal, é mais arriscado ir para a cidade do que ficar e se divertir no distrito, perto de casa. Há dez anos o distrito já contava com 26 restaurantes. Hoje somam 56.
O número de empresas e de novos empreendimentos em Barão cresceu gradativamente. A grande oferta de opções de lazer e entretenimento, hoje, atrai pessoas de Campinas e outras localidades, e até de São Paulo. Houve uma inversão do movimento.
O aumento da população e do comércio em Barão trouxe os mesmo problemas que Campinas já enfrentava há 20 anos. Que ironia pensar que a maioria da população que mudou para Barão nos últimos 20 anos foi atraída justamente pela tranqüilidade que o local oferecia.
Na falta de tranqüilidade, as famílias já não dormem de janelas abertas e as cadeiras nas calçadas para tomar a “fresca” são raras. Os condomínios cercam-se de robustos esquemas de segurança, nas casas instalaram-se alarmes e cercas eléricas e avigilância motorizada é intermitente.
O progresso, no entanto, é irreversível e tem suas compensações. O crescimento do comércio e serviços aumentou a oferta de empregos e novas oportunidades. Muitos moradores hoje têm a oportunidade de trabalhar em Barão e viver com melhor qualidade de vida. A renda das famílias cresceu e os empreendimentos foram consolidados.
Crescem a cada dia as opções de lazer, cultura, educação, saúde e conhecimento. Tudo o que soma condições à qualidade de vida. Centros tecnológicos atraem indústrias e movimentam o comércio. Além dos novos moradores de condomínios, cerca de 60 mil estudantes gravitam em torno das universidades, consumindo produtos e serviços.
Barão Geraldo é atualmente um bom lugar para morar e trabalhar, e reserva algumas vantagens de suas origens e também do progresso. A população é ordeira e hospitaleira, as pessoas se conhecem e o cidadão não é um anõinimo na multidão, o folclore é preservado nas festas populares, como o Carnaval (o melhor de Campinas com seus blocos nas ruas) e na festado “Boi Falô”.
As universidades dão perspectivas de futuro e crescimento para os jovens, os agitos da vida noturna já não incomodam o moradores, e a natureza generosa é tratada com respeito.
Essa nova realidade não significa que a vida ficou mais fácil, mas garante mais e novas oportunidades para todos que têm disposição para trabalhar e enfrentar as adversidades. Esse é o perfil do novo Jornal de Barão, que pretende ser mais um empreendimento a catalisar o desenvolvimento do distrito.
Falácia da tecnologia da comunicação
Propaga-se aos quatro ventos que a tecnologia da informação está mudando radicalmente os meios de comunicações contemporâneos. É inegável a contribuição da informática nos meios de produção da informação, assim como a evolução da Internet e a capacidade de comunicações via satélite e dos celulares.
A redução dos preços das novas tecnologias também têm contribuído para sua popularização. Mas daí a considerar um avanço sem precedentes é muita pretensão, se forem considerados os produtos finais.
Realmente a tecnologia está contribuindo para ampliar os recursos de produção da informação, mas a engrenagem fundamental do sistema, o elemento humano, está perdendo seu espaço para máquinas tão ou mais suscetíveis a erros. E o pior, obrigando a uma dependência que muitas vezes significa grande atraso em relação aos métodos considerados “ultrapassados”.
Nada substitui a inteligência e capacidade de discernimento humanas quando se trata de veiculação de notícias. E o que se percebe em todos os veículos é a substituição do homem pela máquina, o enxugamento dos quadros de pessoal por computadores, como se os chips tivessem a capacidade de apurar fatos e descobrir notícias.
O resultado, tanto em jornais impressos como na mídia eletrônica (rádio, Internet e TV), é a padronização do noticiário, a pasteurização das notícias e o empobrecimento da informação. Basta assistir aos noticiários da TV ou comparar as primeiras páginas dos jornais.
Nos veículos convencionais de comunicação, de circulação regional, as notícias diferentes ou exclusivas raramente superam 30% do total. Se forem considerados os de circulação nacional a diferença não chega a 20%. Todos assinam as mesmas agências nacionais e internacionais e os textos e imagens são idênticos. Nos telejornais a semelhança é ainda mais gritante. A diferença às vezes se resume ao editorial. O noticiário é quase o mesmo em todas as TVs. O telespectador menos atento nem percebe que inexiste reportagem local.
Quando os jornais eram impressos no “chumbão” (linotipo), os leitores tinham acesso a notícias realmente quentes (sem trocadilho com chumbo derretido). O resultado da sessão da Câmara que terminou às 3h00 da manhã, o jogo que terminou às 23h30, a festa de inauguração que fechou a madrugada, o baile local, todos estavam lá impressos e noticiados nas páginas do matutino às 6h00 do dia seguinte.
Existia o “furo” (leva este nome por causa do tamanho da letra da manchete, que tinha um furo para ser parafusada na bandeja), fenômeno raro hoje em dia. E que emoção quando gritavam “parem as máquinas!”, para inserção de uma notícia de última hora.
Hoje ninguém pára a máquina. Se um fato ocorre depois das 18h00 dificilmente ganha espaço no noticiário do dia seguinte. Nos finais de semana é pior ainda: são publicadas apenas as notícias requentadas da semana, de sexta-feira e mínimas do sábado. O jornal de domingo é distribuído às 16h00 do sábado. Quando não atrasa porque caiu a rede, o equipamento “deu pau”, o telefone estava fora da área, a conexão com a Internet estava inacessível. Quem pára o homem é a máquina.
A ilusão de que a máquina é capaz de cumprir muitas das funções do jornalista, como edição, revisão, paginação, past-up e outras, gerou problemas. O principal deles é o acúmulo de funções do profissional, que tem cada vez menos tempo para seu trabalho básico: apurar e transmitir a melhor informação. Hoje o jornalista não tem mais tempo de fazer entrevista pessoalmente. Vai por telefone mesmo porque o “dead line”, cada vez mais antecipado, o exige. E a apuração sai capenga. É impossível sentir a emoção e o verdadeiro sentido das palavras do interlocutor com “boi na linha” do telefone, sem o tradicional cafezinho mano a mano com o entrevistado.
Os programas cada vez mais sofisticados e “pesados”, e os equipamento cada vez mais potentes e rápidos, com o argumento de que possuem novos recursos (a grande maioria jamais utilizados), exigem atualização constante de software e hardware que, somada com a manutenção, eleva o custo sem aumentar a produtividade.
Tome-se como exemplo o Word, um dos programas mais utilizados no mundo. É um ótimo recurso para edição de textos, e facilitou em muito a vida dos redatores, aposentando em definitivo a velha máquina de escrever. É atualizado constantemente, mas as primeiras versões cumpriam as mesmas funções básicas no velho 386. Hoje é necessário um Dual Core e muita memória para rodar o programa e os arquivos são enormes.
O caminho, no entanto, está correto e é irreversível, diante dos novos tempos. Mas o percurso para a qualidade ainda é muito longo.
A redução dos preços das novas tecnologias também têm contribuído para sua popularização. Mas daí a considerar um avanço sem precedentes é muita pretensão, se forem considerados os produtos finais.
Realmente a tecnologia está contribuindo para ampliar os recursos de produção da informação, mas a engrenagem fundamental do sistema, o elemento humano, está perdendo seu espaço para máquinas tão ou mais suscetíveis a erros. E o pior, obrigando a uma dependência que muitas vezes significa grande atraso em relação aos métodos considerados “ultrapassados”.
Nada substitui a inteligência e capacidade de discernimento humanas quando se trata de veiculação de notícias. E o que se percebe em todos os veículos é a substituição do homem pela máquina, o enxugamento dos quadros de pessoal por computadores, como se os chips tivessem a capacidade de apurar fatos e descobrir notícias.
O resultado, tanto em jornais impressos como na mídia eletrônica (rádio, Internet e TV), é a padronização do noticiário, a pasteurização das notícias e o empobrecimento da informação. Basta assistir aos noticiários da TV ou comparar as primeiras páginas dos jornais.
Nos veículos convencionais de comunicação, de circulação regional, as notícias diferentes ou exclusivas raramente superam 30% do total. Se forem considerados os de circulação nacional a diferença não chega a 20%. Todos assinam as mesmas agências nacionais e internacionais e os textos e imagens são idênticos. Nos telejornais a semelhança é ainda mais gritante. A diferença às vezes se resume ao editorial. O noticiário é quase o mesmo em todas as TVs. O telespectador menos atento nem percebe que inexiste reportagem local.
Quando os jornais eram impressos no “chumbão” (linotipo), os leitores tinham acesso a notícias realmente quentes (sem trocadilho com chumbo derretido). O resultado da sessão da Câmara que terminou às 3h00 da manhã, o jogo que terminou às 23h30, a festa de inauguração que fechou a madrugada, o baile local, todos estavam lá impressos e noticiados nas páginas do matutino às 6h00 do dia seguinte.
Existia o “furo” (leva este nome por causa do tamanho da letra da manchete, que tinha um furo para ser parafusada na bandeja), fenômeno raro hoje em dia. E que emoção quando gritavam “parem as máquinas!”, para inserção de uma notícia de última hora.
Hoje ninguém pára a máquina. Se um fato ocorre depois das 18h00 dificilmente ganha espaço no noticiário do dia seguinte. Nos finais de semana é pior ainda: são publicadas apenas as notícias requentadas da semana, de sexta-feira e mínimas do sábado. O jornal de domingo é distribuído às 16h00 do sábado. Quando não atrasa porque caiu a rede, o equipamento “deu pau”, o telefone estava fora da área, a conexão com a Internet estava inacessível. Quem pára o homem é a máquina.
A ilusão de que a máquina é capaz de cumprir muitas das funções do jornalista, como edição, revisão, paginação, past-up e outras, gerou problemas. O principal deles é o acúmulo de funções do profissional, que tem cada vez menos tempo para seu trabalho básico: apurar e transmitir a melhor informação. Hoje o jornalista não tem mais tempo de fazer entrevista pessoalmente. Vai por telefone mesmo porque o “dead line”, cada vez mais antecipado, o exige. E a apuração sai capenga. É impossível sentir a emoção e o verdadeiro sentido das palavras do interlocutor com “boi na linha” do telefone, sem o tradicional cafezinho mano a mano com o entrevistado.
Os programas cada vez mais sofisticados e “pesados”, e os equipamento cada vez mais potentes e rápidos, com o argumento de que possuem novos recursos (a grande maioria jamais utilizados), exigem atualização constante de software e hardware que, somada com a manutenção, eleva o custo sem aumentar a produtividade.
Tome-se como exemplo o Word, um dos programas mais utilizados no mundo. É um ótimo recurso para edição de textos, e facilitou em muito a vida dos redatores, aposentando em definitivo a velha máquina de escrever. É atualizado constantemente, mas as primeiras versões cumpriam as mesmas funções básicas no velho 386. Hoje é necessário um Dual Core e muita memória para rodar o programa e os arquivos são enormes.
O caminho, no entanto, está correto e é irreversível, diante dos novos tempos. Mas o percurso para a qualidade ainda é muito longo.
Para superar a crise é só tirar o “s”: crie
Para melhor entender a atual crise financeira mundial é necessário resgatar o histórico dos princípios da economia moderna, hoje globalizada.
A medida de riquezas de um País e seu poder de negociação era baseada em um lastro econômico, que tinha inicialmente o volume de ouro armazenado como referência.
Ou seja, era mais rico quem tinha mais ouro armazenado, o que era uma garantia de pagamento das despesas e investimentos. Com o aumento do comércio mundial e a industrialização a referência de riqueza passou a ser o volume de produção de bens, produtos que geravam divisas.
As negociações, tanto do lastro ouro como o de divisas e depois das ações de empresas no mercado de valores, sempre foram feitas através do papel que simbolizava esses valores, que supostamente estavam lastreados com os bens de valor correspondente.
A primeira grande crise financeira, o “crash” da bolsa de Nova Iorque em 1929, aconteceu porque o volume de negócios e valores já havia superado em muito o lastro correspondente, ou seja, os valores circulantes não tinham base sólida de garantia.
Essa primeira quebradeira, que não teve impactos maiores em outros pasíses do mundo porque ainda não existia a globalização e o mundo era dividido entre o capitalismo e o comunismo, deveria ter sido uma lição permanente para os Estados Unidos.
Mas não foi. O aumento da integração do comércio mundial e a notória liderança econômica dos EUA, concentrou um crescente volume de negócios em bolsas do mundo todo, com regras baseadas no mesmo princípio: a especulação financeira, ou seja, os valores passaram a ser aqueles de expectativa de produção e não mais dos produtos estocados.
É o mercado futuro, ou seja, aposta-se e se aplica recursos antecipadamente na produção maior e comércio que vai gerar lucros aos investidores. É um jogo, e como todo jogo sujeito a variáveis não previstas, como condições climáticas desfavoráveis às commodities, por exemplo.
O que aconteceu nos Estados Unidos e que deflagrou a crise atual, atingindo o mundo todo pela integração do comércio, foi o mercado de hipotecas imobiliárias.
Durante mais de uma década funcionou da seguinte maneira: o cidadão que possuía um imóvel ia aos bancos e tomava como empréstimo, com juros baixos e atraentes, o valor correspondente ao do seu imóvel, provável lastro, ou garantia, da operação.
Esse dinheiro alimentou o consumo, permitiu investimentos em negócios, criou empreendimentos e gerou empregos, o que permitiu um grande crescimento da economia.
A construção civil registrou um grande desenvolvimento e os imóveis foram super valorizados diante da possibilidade de emissão de mais e mais hipotecas.
Foi nesse ponto que começou o que os economistas chamam de “bolha”. Muito mais pessoas e empresas passaram a especular com os imóveis, que já não tinham o valor dos empréstimos concedidos, e começou a aumentar a inadimplência.
O remédio para a inadimplência, que deveria ter seguido o caminho da austeridade financeira, seguiu o caminho inverso. Foram emitidas as segundas hipotecas, para amortizar a primeira, e dar mais fôlego aos investimentos e consumo.
Nesse ponto começou a circular na economia um dinheiro que já não existia, pois não havia garantia de valor correspondente, ou seja, não existia o lastro.
A crise se tornou financeira porque os bancos que haviam emitido hipotecas já não conseguiam receber dos tomadores. Para continuar operando os bancos passaram a vender as carteiras hipotecárias às grandes financeiras, que emprestam aos bancos com base nessa garantia, já podre.
Deu no que deu. Quebraram os bancos e as grandes financeiras, com o estouro da “bolha”, atingindo o mundo todo pela expectativa de uma grande recessão na maior economia do mundo.
Resultado: hoje os governos estão socorrendo os bancos e os endividados norte americanos que passaram décadas consumindo produtos supérfluos e desperdiçando recursos com carros de luxo e gastando um dinheiro que não existia. E os contribuintes do mundo todo os socorrem.
Só aqui voltamos ao título: como superar a crise? Com criatividade, trabalho e produção, sem especulação. Se existe a possibilidade de lucro, que se lucre primeiro e com estes recursos invista em crescimento e mais produção, criando empregos e reanimando a economia e o consumo.
Se os capitalistas aprenderem essa lição a economia pode voltar à estabilidade tão almejada, e a pior crise, a social, pode ser que não tenha muito impacto.
A medida de riquezas de um País e seu poder de negociação era baseada em um lastro econômico, que tinha inicialmente o volume de ouro armazenado como referência.
Ou seja, era mais rico quem tinha mais ouro armazenado, o que era uma garantia de pagamento das despesas e investimentos. Com o aumento do comércio mundial e a industrialização a referência de riqueza passou a ser o volume de produção de bens, produtos que geravam divisas.
As negociações, tanto do lastro ouro como o de divisas e depois das ações de empresas no mercado de valores, sempre foram feitas através do papel que simbolizava esses valores, que supostamente estavam lastreados com os bens de valor correspondente.
A primeira grande crise financeira, o “crash” da bolsa de Nova Iorque em 1929, aconteceu porque o volume de negócios e valores já havia superado em muito o lastro correspondente, ou seja, os valores circulantes não tinham base sólida de garantia.
Essa primeira quebradeira, que não teve impactos maiores em outros pasíses do mundo porque ainda não existia a globalização e o mundo era dividido entre o capitalismo e o comunismo, deveria ter sido uma lição permanente para os Estados Unidos.
Mas não foi. O aumento da integração do comércio mundial e a notória liderança econômica dos EUA, concentrou um crescente volume de negócios em bolsas do mundo todo, com regras baseadas no mesmo princípio: a especulação financeira, ou seja, os valores passaram a ser aqueles de expectativa de produção e não mais dos produtos estocados.
É o mercado futuro, ou seja, aposta-se e se aplica recursos antecipadamente na produção maior e comércio que vai gerar lucros aos investidores. É um jogo, e como todo jogo sujeito a variáveis não previstas, como condições climáticas desfavoráveis às commodities, por exemplo.
O que aconteceu nos Estados Unidos e que deflagrou a crise atual, atingindo o mundo todo pela integração do comércio, foi o mercado de hipotecas imobiliárias.
Durante mais de uma década funcionou da seguinte maneira: o cidadão que possuía um imóvel ia aos bancos e tomava como empréstimo, com juros baixos e atraentes, o valor correspondente ao do seu imóvel, provável lastro, ou garantia, da operação.
Esse dinheiro alimentou o consumo, permitiu investimentos em negócios, criou empreendimentos e gerou empregos, o que permitiu um grande crescimento da economia.
A construção civil registrou um grande desenvolvimento e os imóveis foram super valorizados diante da possibilidade de emissão de mais e mais hipotecas.
Foi nesse ponto que começou o que os economistas chamam de “bolha”. Muito mais pessoas e empresas passaram a especular com os imóveis, que já não tinham o valor dos empréstimos concedidos, e começou a aumentar a inadimplência.
O remédio para a inadimplência, que deveria ter seguido o caminho da austeridade financeira, seguiu o caminho inverso. Foram emitidas as segundas hipotecas, para amortizar a primeira, e dar mais fôlego aos investimentos e consumo.
Nesse ponto começou a circular na economia um dinheiro que já não existia, pois não havia garantia de valor correspondente, ou seja, não existia o lastro.
A crise se tornou financeira porque os bancos que haviam emitido hipotecas já não conseguiam receber dos tomadores. Para continuar operando os bancos passaram a vender as carteiras hipotecárias às grandes financeiras, que emprestam aos bancos com base nessa garantia, já podre.
Deu no que deu. Quebraram os bancos e as grandes financeiras, com o estouro da “bolha”, atingindo o mundo todo pela expectativa de uma grande recessão na maior economia do mundo.
Resultado: hoje os governos estão socorrendo os bancos e os endividados norte americanos que passaram décadas consumindo produtos supérfluos e desperdiçando recursos com carros de luxo e gastando um dinheiro que não existia. E os contribuintes do mundo todo os socorrem.
Só aqui voltamos ao título: como superar a crise? Com criatividade, trabalho e produção, sem especulação. Se existe a possibilidade de lucro, que se lucre primeiro e com estes recursos invista em crescimento e mais produção, criando empregos e reanimando a economia e o consumo.
Se os capitalistas aprenderem essa lição a economia pode voltar à estabilidade tão almejada, e a pior crise, a social, pode ser que não tenha muito impacto.
Doença é uma tristeza
O elemento humano é um fator fundamental e indispensável para o bom atendimento da saúde
Um fator fundamental e indispensável para o bom funcionamento de qualquer serviço público de saúde é o elemento humano e sua capacidade de prestar socorro independente de equipamentos sofisticados ou mesmo espaço físico. Ou seja, foi relegado ao segundo plano o ser humano que ajuda outro ser humano, num ato de desprendimento e solidariedade, que exige dos médicos a vocação para uma das missões mais nobres da comunidade: a de salvar vidas e ajudar os doentes e necessitados a superar a dor de sua enfermidade.
"A doença é uma tristeza", definiu com sabedoria um médico neurologista. Ele quis dizer que a tristeza é a origem da doença, ou pelo menos da grande maioria delas, e não que seja triste estar doente ou ver alguém doente, embora também o seja. É o princípio psicossomático: quando o paciente sofre alguma tragédia ou padece de profunda depressão por quaisquer motivo, ou mesmo sem motivo, o organismo fica com baixa resistência e acometido de patologias, que variam de uma simples gripe a graves infecções. Invariavelmente o ser humano doente ressente outros problemas, sejam familiares, pessoais,profissionais, afetivos ou materiais, afirma esse médico.
Até meados do século passado, quando a tecnologia eletrônica e de medicamentos ainda não apresentavam grande desenvolvimento ou influência nos métodos de tratamento e diagnóstico de enfermidades, as pessoas contavam apenas com a experiência e sensibilidade dos médicos para tentar se curar. Hoje grande parte dos profissionais de saúde não dá a atenção devida aos pacientes porque delegam às máquinas a função de um diagnóstico preciso, e vêem os doentes como clientes fonte de renda, e não como seres humanos que precisam de ajuda. Como pode uma pessoa que pretende apenas se ajudar, ajudar outras a superar o que não entendem?
Nas guerras mundiais do século passado, e essa história é possível ver em inúmeros filmes que imortalizaram as barbáries até hoje praticadas, existiam grandes acampamentos com centenas de barracas em campo aberto e instalações precárias senso usadas por abnegados voluntários lutando para salvar vidas que o próprio ser humano tentava destruir em nome da honra, nacionalismo, e pelo poder político ou territorial. Não existia espaço físico adequado, nem equipamentos ou remédios sofisticados, mas lá estava o ser humano empenhado em sua missão de pelo menos aliviar a dor dos feridos com morfina ou sulfa, e principalmente uma palavra amiga.
O amor é o melhor remédio. É isso que nos ensina as assistentes sociais e voluntários que prestam serviço aos hospitais. Não são médicos e nem dependem de equipamentos para perceber entre as centenas de pessoas que lotam o Pronto Socorro diariamente, aquelas que mais precisam de ajuda, e correm para ajudá-las.
Não prescrevem remédios mas transmitem uma palavra amiga e de conforto. Não fazem uma sutura mas aliviam a dor com atenção e providências que podem ser apenas um copo de água ou uma cadeira para descansar. Não possuem bisturis, mas seu instrumento é o carinho e afeto para os mais carentes. Deus os abençoe, e que continue nos enviando criaturas como estas, porque a humanidade está precisando.
Um fator fundamental e indispensável para o bom funcionamento de qualquer serviço público de saúde é o elemento humano e sua capacidade de prestar socorro independente de equipamentos sofisticados ou mesmo espaço físico. Ou seja, foi relegado ao segundo plano o ser humano que ajuda outro ser humano, num ato de desprendimento e solidariedade, que exige dos médicos a vocação para uma das missões mais nobres da comunidade: a de salvar vidas e ajudar os doentes e necessitados a superar a dor de sua enfermidade.
"A doença é uma tristeza", definiu com sabedoria um médico neurologista. Ele quis dizer que a tristeza é a origem da doença, ou pelo menos da grande maioria delas, e não que seja triste estar doente ou ver alguém doente, embora também o seja. É o princípio psicossomático: quando o paciente sofre alguma tragédia ou padece de profunda depressão por quaisquer motivo, ou mesmo sem motivo, o organismo fica com baixa resistência e acometido de patologias, que variam de uma simples gripe a graves infecções. Invariavelmente o ser humano doente ressente outros problemas, sejam familiares, pessoais,profissionais, afetivos ou materiais, afirma esse médico.
Até meados do século passado, quando a tecnologia eletrônica e de medicamentos ainda não apresentavam grande desenvolvimento ou influência nos métodos de tratamento e diagnóstico de enfermidades, as pessoas contavam apenas com a experiência e sensibilidade dos médicos para tentar se curar. Hoje grande parte dos profissionais de saúde não dá a atenção devida aos pacientes porque delegam às máquinas a função de um diagnóstico preciso, e vêem os doentes como clientes fonte de renda, e não como seres humanos que precisam de ajuda. Como pode uma pessoa que pretende apenas se ajudar, ajudar outras a superar o que não entendem?
Nas guerras mundiais do século passado, e essa história é possível ver em inúmeros filmes que imortalizaram as barbáries até hoje praticadas, existiam grandes acampamentos com centenas de barracas em campo aberto e instalações precárias senso usadas por abnegados voluntários lutando para salvar vidas que o próprio ser humano tentava destruir em nome da honra, nacionalismo, e pelo poder político ou territorial. Não existia espaço físico adequado, nem equipamentos ou remédios sofisticados, mas lá estava o ser humano empenhado em sua missão de pelo menos aliviar a dor dos feridos com morfina ou sulfa, e principalmente uma palavra amiga.
O amor é o melhor remédio. É isso que nos ensina as assistentes sociais e voluntários que prestam serviço aos hospitais. Não são médicos e nem dependem de equipamentos para perceber entre as centenas de pessoas que lotam o Pronto Socorro diariamente, aquelas que mais precisam de ajuda, e correm para ajudá-las.
Não prescrevem remédios mas transmitem uma palavra amiga e de conforto. Não fazem uma sutura mas aliviam a dor com atenção e providências que podem ser apenas um copo de água ou uma cadeira para descansar. Não possuem bisturis, mas seu instrumento é o carinho e afeto para os mais carentes. Deus os abençoe, e que continue nos enviando criaturas como estas, porque a humanidade está precisando.
Liberdade e Democracia
Chegam a ameaçar profissionais de jornalismo e usam dos mais obscuros e ilegítimos meios
O trabalho dos jornalistas não é bem compreendido pelas pessoas públicas e poderosas, ou não aceito como deveria ser. Grande parte dos políticos e empresários se julga no direito de cercear a liberdade de imprensa e obstruir o trabalho de divulgação de informações que julgam prejudiciais às suas imagens ou negócios.
Dedinho em riste, chegam a ameaçar profissionais de jornalismo e usam dos mais obscuros e ilegítimos meios, como influências políticas e pessoais, subornos e ameaças, para impedir que o trabalho do jornalista chegue ao público leitor. O poder da imprensa não é pessoal ou empresarial. O único poder que a imprensa possui é o de levantar informações, ouvir as opiniões das pessoas, checar sua veracidade, e divulgá-las quando do interesse público. A opinião pública a respeito dos fatos, essa sim tem poder de impedir que práticas abusivas, desleais, desonestas ou mesquinhas, conquistem a perenidade que pretendem os poderosos.
O trabalho do jornalista é um instrumento da democracia, e não da Justiça. O jornalismo não julga ou condena ou absolve como os magistrados, pelo contrário, coloca à luz da verdade os fatos para que a comunidade julgue por seus próprios conceitos, discernimento e interpretações, e no confronto com sua consciência, se aqueles fatos relatados devem ser perpetuados, condenados ou absolvidos.
Aqueles que atentam contra a liberdade de imprensa não o estão fazendo somente contra o jornalismo ou a empresa de comunicação. Na defesa de seus interesses pessoais, políticos ou empresariais, estão atentando contra os interesses de toda a comunidade, que são a liberdade de informação, manifestação e opinião, sustentáculos básicos da democracia.
Valer-se de processos jurídicos argumentando práticas de calúnia, injúria ou difamação, é apenas mais um recurso de intimidação utilizado por essas pessoas. Uma das regras indispensáveis do bom jornalismo, é sempre ouvir todas as versões possíveis dos fatos, de todas as pessoas envolvidas, o que nem sempre é possível, mas sempre procurado.
Diante dos fatos não há argumentos que os desmintam, mas é possível que novos fatos venham contestá-los, proporcionando uma visão mais ampla da realidade. Isso é jornalismo. Justiça é outro departamento.
O trabalho dos jornalistas não é bem compreendido pelas pessoas públicas e poderosas, ou não aceito como deveria ser. Grande parte dos políticos e empresários se julga no direito de cercear a liberdade de imprensa e obstruir o trabalho de divulgação de informações que julgam prejudiciais às suas imagens ou negócios.
Dedinho em riste, chegam a ameaçar profissionais de jornalismo e usam dos mais obscuros e ilegítimos meios, como influências políticas e pessoais, subornos e ameaças, para impedir que o trabalho do jornalista chegue ao público leitor. O poder da imprensa não é pessoal ou empresarial. O único poder que a imprensa possui é o de levantar informações, ouvir as opiniões das pessoas, checar sua veracidade, e divulgá-las quando do interesse público. A opinião pública a respeito dos fatos, essa sim tem poder de impedir que práticas abusivas, desleais, desonestas ou mesquinhas, conquistem a perenidade que pretendem os poderosos.
O trabalho do jornalista é um instrumento da democracia, e não da Justiça. O jornalismo não julga ou condena ou absolve como os magistrados, pelo contrário, coloca à luz da verdade os fatos para que a comunidade julgue por seus próprios conceitos, discernimento e interpretações, e no confronto com sua consciência, se aqueles fatos relatados devem ser perpetuados, condenados ou absolvidos.
Aqueles que atentam contra a liberdade de imprensa não o estão fazendo somente contra o jornalismo ou a empresa de comunicação. Na defesa de seus interesses pessoais, políticos ou empresariais, estão atentando contra os interesses de toda a comunidade, que são a liberdade de informação, manifestação e opinião, sustentáculos básicos da democracia.
Valer-se de processos jurídicos argumentando práticas de calúnia, injúria ou difamação, é apenas mais um recurso de intimidação utilizado por essas pessoas. Uma das regras indispensáveis do bom jornalismo, é sempre ouvir todas as versões possíveis dos fatos, de todas as pessoas envolvidas, o que nem sempre é possível, mas sempre procurado.
Diante dos fatos não há argumentos que os desmintam, mas é possível que novos fatos venham contestá-los, proporcionando uma visão mais ampla da realidade. Isso é jornalismo. Justiça é outro departamento.
Éramos anarquistas
Foi plantada a semente do bem, pensávamos, e na nossa prepotência imaginávamos mudar o mundo
Éramos felizes e sabíamos. Andávamos de pés descalços, roupas coloridas, longos cabelos, e vivemos um dia de cada vez, como se a vida fosse só hoje, sem pensar amanhã. As armas de nossa revolução foram as flores, a música e o amor. Imagine todas as pessoas vivendo apenas para ao dia de hoje. Imagine um mundo sem países ou fronteiras, e conseqüentemente sem guerra. Era assim que imaginávamos mudar o mundo.
Seguíamos, sem o saber ou identificar, princípios cristãos, budistas, islâmicos, comunistas, e principalmente libertários, anarquistas. Dividíamos tudo, coisas e pensamentos, com todos. Com a política de não violência seguíamos Ghandi, e corremos atrás também do encanto musical de Beatles, Rolling Stones, Jimi Hendrix, Janis Joplin, Elvis Presley, Roberto e Erasmo, Gal, Gil, Bethânia, Chico, Caetano, Os Mutantes da Tia Rita, e tantos contemporâneos e muitos outros que os antecederam ou sucederam.
Foi plantada a semente do bem, pensávamos, e na nossa prepotência imaginávamos que íamos mudar definitivamente o mundo. Vamos mudar a ordem das coisas de tal forma organizada que não haverá mais poder central e todos vão poder decidir por tudo, sonhávamos.
Raul Seixas e John Lennon ajudaram a ampliar princípios anarquistas. Não jogávamos coquetéis Molotov, mas flores. Não pregávamos a violência, e sim o amor. Cristo já pregava a união comunitária e o desapego às coisas materiais. Nas concepções de Bakunin está claro que o anarquismo é um movimento transitório, intermediário nas mudanças revolucionárias, até que a situação se acomode em novo modelo de organização. O caos é o agente da mudança.
Vivemos um grande momento histórico e, como no anarquismo, foi transitório. Pensávamos em legar às futuras gerações todo esse conhecimento espiritual e consolidar um novo modelo das relações humanas, baseado na liberdade de escolha, na fraternidade e no prazer das emoções amorosas.
Não é possível precisar um momento ou período em que tudo desmoronou. Sem que percebêssemos o movimento esvaziou, pulverizou-se mesclado com outras culturas. O capitalismo triunfou transformando em produto de consumo as flores, a música e os amores, e seduziu os jovens a consumir para manter seu estilo de vida. As relações emocionais e espirituais foram dando espaço para desejos e necessidades materiais, e de sobrevivência.
O sonho acabou e muitas perguntas não querem calar.
Hoje somos apenas sobreviventes.
Triunfo da mediocridade
Quem trabalha muito erra muito.
Quem trabalha pouco erra pouco.
Quem não trabalha não erra.
E quem não erra é promovido.
Quem trabalha pouco erra pouco.
Quem não trabalha não erra.
E quem não erra é promovido.
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