quarta-feira, 20 de maio de 2009
Campinas terá corredores ecológicos com 10 milhões de mudas
Quando assumir o licenciamento ambiental e a fiscalização de atividades de baixo impacto, como hotéis, pousadas, fábricas de artefatos de tecidos, serviços e comércio em geral, no lugar da Companhia de Tecnologia e Saneamento Ambiental (Cetesb) a partir do mês de junho, a administração de Campinas passará a exigir, na implantação de empreendimentos, contrapartidas em mudas que devem ser plantadas em dois corredores ecológicos.
A expectativa é plantar 10 milhões de árvores nos próximos quatro anos, elevando em 11 vezes a proporção de área verde por habitante na cidade. As mudas irão formar dois macrocorredores ecológicos que terão uma extensão de 64,7 quilômetros quadrados. Um dos corredores, já em implantação, está na região Sul, com uma extensão de 33 quilômetros ao longo do Rio Capivari. O outro vai ligar áreas verdes em Sousas, Joaquim Egídio e Barão Geraldo, com 31,7 quilômetros quadrados.
Os corredores são conexões entre diferentes ambientes ou fragmentos florestais que permitem o fluxo gênico entre as populações silvestres. Permitirão também o controle sobre enchentes, uma vez que abrange áreas de várzeas.
Um diagnóstico atualizado do mapa das áreas verdes remanescentes, parques e praças da cidade, que será a base para a definição da agenda ambiental municipal. O diagnóstico irá apontar onde o município terá que intervir para atender à recomendação da Organização das Nações Unidas (ONU) que preconiza como ideal para garantir qualidade de vida o mínimo de 12 metros quadrados de áreas verdes por habitante. Campinas tem hoje apenas 5,6 metros quadrados por habitante.
A pesquisa, coordenada pela pesquisadora Dionete Santin, vai atualizar o inventário realizado por ela em 1999 e que mostrou um quadro desolador, onde sobraram quatro tipos de formações vegetais: florestas estacionais semideciduais, que são formações com árvores maiores, de 20 a 25 metros de altura (como os jequitibás), mata fechada, alta e solo seco. Restaram também as florestas paludosas ou matas brejosas que têm solo permanentemente encharcado por aflorações dos lençóis freáticos, mata fechada, mas baixa, árvores com alturas médias de 15 metros, como o que ocorre, por exemplo, nos fragmentos remanescentes da Mata de Santa Genebra.
O terceiro tipo de vegetação encontrado por Dionete em 1999 foram os cerrados, formações mais abertas com árvores baixas. A pesquisadora fez também o registro de espécies de vegetação rupestre dos lajedos rochosos, encontrada na região leste (Sousas e Joaquim Egídio) e caracterizada por terrenos íngremes e grande afloramento de rochas.
As matas Ribeirão Cachoeira e Santa Genebra são as duas maiores faixas de vegetação remanescente da cidade. A primeira, com 245 hectares, fica na região Leste (Sousas e Joaquim Egídio). É mais afastada da área urbana. Sua mata é mais protegida, pois não sofre impacto das estradas, e seu solo é mais permeável.
Já a Santa Genebra, com 250 hectares de área na região Noroeste (Barão Geraldo), é considerada uma mata urbana. Cercada por bairros, é caracterizada pela perda de árvores contínua, pela presença de clareiras e do efeito de borda, caracterizado pela morte de árvores que estão ao redor da mata em consequência da invasão de cipós e dos efeitos do vento.
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