A mudança gradativa de hábitos etílicos dos brasileiros está elegendo o vinho como o substituto natural da cerveja, ainda líder na preferência nacional. Os preços mais acessíveis de vinhos de boa qualidade e a oferta abundante de grande variedade, principalmente dos países andinos, aliados ao rigor incomum do inverno no Brasil, estão levando cada vez mais consumidores a aderirem ao prazer da degustação dos derivados da uva.
Às vésperas de comemorar sete anos da criação da entidade regional de Campinas da Associação Brasileira de Sommeliers, o diretor executivo da ABS- Campinas, Bruno Vianna, tem muito a comemorar. “O Brasil tem um potencial muito grande de produção e consumo de vinho, e tem crescido muito a procura pela orientação profissional”, destaca.
A entidade ajuda a ampliar o interesse pela enologia com o que faz de melhor: cursos de formação de sommeliers, uma especialidade com demanda crescente de bons profissionais no mercado, seja em lojas especializadas ou em bons restaurantes com requintadas cartas de vinhos. E cresce também o interesse dos restaurantes no credenciamento do circuito dos sommeliers.
Segundo Vianna, um dos maiores problemas para popularização do vinho no Brasil é a alta incidência de impostos. “ Na Itália o vinho é classificado como alimento e até os vinhos do Mercosul possuem carga menor que o produto nacional”, afirma. O brasileiro ainda está aprendendo a produzir vinho, descobrindo como fazer e as melhores regiões para produzir uvas viníferas. “É um processo natural, a França demorou séculos para descobrir como fazer a Champanhe”, compara.
Um bom vinho é resultado de vários fatores, tais como a espécie de uva mais apropriada e seu cultivo em regiões de clima favorável, com frio e calor alternados de noite e de dia, que dão aos frutos o frescor e acidez necessários para uma boa produção. “A Serra Gaúcha, na latitute 29º, está bem próxima da latitude ideal, acima de 30º. Já na produção do Vale São Francisco a seca faz o trabalho do frio no sul”, explica Vianna.
Os frutos destinados à produção de vinho são bem diferentes da uva de mesa, embora na produção de vinhos caseiros da região de Campinas e Circuito das Frutas as use em sua maioria. Já existem experiências com outras espécies, como a Shiraz, para tentar melhora a produção artesanal. A uva destinada à produção de vinhos é menor e tem maior concentração de tanino e frutose.
A especialidade da associação de sommeliers é formar profissionais para divulgação da cultura do vinho. É um mercado em franco crescimento, com demandas em restaurantes e lojas de vinhos, principalmente. Mas existem aqueles que procuram se informar simplesmente para ter maior prazer na degustação. O curso de sommelier tem 16 meses de duração e é reconhecido internacionalmente. Existe também o curso básico para enófilos.
A entidade credencia os “Restaurantes Amigos da ABS”, segundo vários critérios que vão desde a disponibilidade de uma boa arta de vinhos, a qualidade da culinária e os vinhos que combinam com o menu, até o ambiente, adega e taças adequadas, entre outros. Mais informações podem ser encontradas no site da entidade: www.abs-campinas.com.br, e 'salute'.
Os cinco sentidos
Segundo Vianna, não há alcoolismo de vinho, e os apreciadores dizem que o vinho é a única bebida que desperta os cinco sentidos humanos: primeiro a visão, depois o olfato, seguido do tato e do paladar. E finalmente a audição: “tim tim”.
Glossário:
Sommelier - Profissional especialista em identificar os melhores vinhos e combinações gastronômicas;
Enólogo - Estudioso de uvas e produção de vinhos;
Enófilo - Apreciador de vinhos