domingo, 11 de janeiro de 2009

Marcela aposta no crescimento do PSOL


Ainda abalada pela derrota nas urnas, a ex-vereadora Marcela Moreira, mais jovem vereadora da Câmara Municipal de Campinas, eleita aos 23 anos com 5.490 votos para o seu primeiro mandato (2005-2008), não pretende desistir tão breve da vida política e acredita que seu partido (Partido Socialismo e Liberdade) está apenas iniciando e tem muito espaço para crescer.

“Tivemos no Brasil todo um resultado semelhante ao do PT nas primeiras eleições”, compara. Marcela recebeu 3.188 votos nas eleições de 2008, pelo PSOL, partido que adotou depois da decepção com o PT no caso mensalão. Ela acredita que a votação menor nessa eleição se deu por dois motivos: pelo forte poder econômico dos adversários, e por ter saído do PT. “A maior parte dos petistas valorosos foram para casa, e não migraram para o PSOL”, avalia.

“O governo Hélio gastou cerca de R$ 50 milhões em propaganda no primeiro mandato, e os candidatos de sua coligação receberam altas somas de empreiteiros”, denuncia. A falta de quociente eleitoral do partido também a impediu de voltar a ocupar uma cadeira no Legislativo. “Estamos num momento que temos que convencer a população da necessidade de um processo de mudança”, acredita. Segundo ela, a população esperava isso com o Lula, que decepcionou.

Marcela diz que foi muito atacada durante a campanha. “Foi muito difícil enfrentar máquinas eleitorais extremamente poderosas, e lamentável ver pessoas que já lutaram por direitos sociais dizerem que trabalhavam para outros candidatos porque estavam ganhando cem reais, agora, e que iriam ganhar mais cem depois”.

A ex-vereadora também foi duramente atacada durante o mandato. “Por repressão à minha atuação em apoio ao movimento popular, foi pedida a cassação do meu mandato por duas vezes, uma porque dei água para os manifestantes do passe livre, ato classificado como desvio de dinheiro público , e o segundo porque eu disse que os empresários de ônibus mandavam no prefeito”, conta.

A bancada de apoio ao prefeito moveu os processos, tendo à frente o vereador Jorge Schneider. Marcela diz que incomodava porque ela, assim como o vereador Paulo Búfalo, foram as mais combativas vozes da oposição na Câmara. “Fizemos um ato de desagravo com mais de 600 pessoas do sindicato dos metalúrgicos, associações, movimentos sociais e ONGs, e nossa organização politica os fez recuarem”, acredita.

Barão Geraldo

Marcela tem em Barão Geraldo muitos simpatizantes. “Aqui tenho um eleitorado fiel que acompanhou meu mandato, na luta contra a corrupção”. E aponta os principais problemas do distrito. “Existem algumas deficiências como falta de creches e de transporte em alguns bairros, o que prejudica não só a população mas também o comércio local. Comparando com outros bairros, Barão tem menos bairros de extrema pobreza”, afirma.

O maior problema do distrito, na sua avaliação, á a especulação imobiliária, que ameaça a qualidade de vida dos moradores. “O então presidente da Fundação José Pedro de Oliveira, que administra a reserva da mata de Santa Genebra, Alcides Mamizuka, apresentou um pedido de aprovação da redução do entorno da mata para construção de um condomínio verde de alto luxo”, denuncia.

A pressão de ambientalistas e uma ação civil pública do Ministério Público Federal frustrou a intenção, momentaneamente. A Justiça não concedeu o pedido de liminar do Procurador, que queria embargar obras num raio de 10 km da reserva, mas intimou a fundação a apresentar um plano de gestão e avisou que pode mudar a posição se algum fato novo o justificar.

Marcela está tentando voltar para a Unicamp para concluir o curso de Ciências Sociais, e para isso entrou com um pedido onde requer o mesmo benefício dos servidores. “Não está previsto licenciamento para estudante, mas apenas para servidores que ocupam outro cargo público. O trancamento de matrícula só é válido por três semestres. Falta apenas um ano mas eu não consegui dar continuidade”, conta.

Mesmo sem mandato, ela não interrompeu algumas atividades políticas e sociais. Tem percorrido escolas, centros comunitários e outros espaços com a apresentação da oficina “Acorda Raimundo, Acorda”, onde defende o combate às situações de opressão da mulher, e aplicação da lei Maria da Penha.

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