terça-feira, 7 de julho de 2009

O planeta pede socorro


Muito se fala de desenvolvimento sustentável e redução da emissão de poluentes no mundo todo, diante do eminente desastre que será causado pelo aquecimento global e destruição da natureza, sem que no entanto medidas eficazes sejam efetivamente aplicadas para reverter essa tendência.

O que a humanidade quer é continuar o crescimento econômico e ampliar o consumo, condições de melhoria da qualidade de vida humana, embora signifique sacrificar a natureza e, a longo prazo, comprometer toda a vida no planeta, inclusive a humana. Ironicamente a crise financeira mundial foi a medida mais eficaz, nos últimos anos, para reduzir o ritmo de devastação imposto pelo sistema de produção industrial, gerando grande preocupação quanto ao impacto na segurança alimentar dos países pobres e no conforto dos países ricos.

Não existe uma fórmula única que possa resolver o problema, mas um conjunto de medidas racionais aplicadas de acordo com cada realidade regional pode equacionar a relação custo benefício no sentido ambiental, ou seja, investimento em sistemas de produção com menor impacto na natureza para obtenção de produtos de consumo, mesmo que isso signifique maior custo de produção, ou uma compensação, como a fórmula de créditos de carbono, para garantir a melhoria no meio ambiente.

Outras ações, aparentemente de pequeno porte, podem se somar para mudar os padrões de produção, de hábitos de consumo e de modo de vida, sem comprometer a qualidade global de vida e a natureza. Os estudos em produção de energia limpa de fonte solar ou eólica avançam, a utilização de combustíveis renováveis também, mas nada ainda em escala suficiente para reduzir sensivelmente a emissão de gases nocivos.

Tome-se por exemplo a evolução da produção do etanol no Brasil, que substituiu em boa parte o consumo de combustíveis fósseis e desenvolveu fórmulas de aproveitamento dos resíduos com resultados favoráveis à natureza: o vinhoto, que no início era descartado na natureza poluindo os mananciais, hoje é aproveitado como fertilizante, e o bagaço é usado na produção de energia elétrica, que proporciona autonomia às usinas e até gera excedente distribuído na rede.

Ainda não foram resolvidos os problemas das queimadas, mas a colheita mecanizada avança, a produção de energia é térmica e gera poluentes, e a ocupação de extensas áreas não tem solução à vista. Não é também uma fonte de energia totalmente limpa, que não comprometa o aquecimento global, mas sem dúvida gera um impacto menor no meio ambiente.

O conceito de sustentabilidade deve atacar as três maiores fontes de poluição no planeta: a construção civil, os meios de transporte e a produção industrial. Não há que se falar, ainda, da produção agrícola por monoculturas, porque é essencial para a sobrevivência da humanidade, mas deve ser tratada como um capítulo à parte na busca de soluções de menor impacto. A imposição de áreas de proteção ambiental, pelo Ibama, tem gerado protestos de agricultores pelo excesso de rigor.

Nos Estados Unidos o maior consumo de energia e eletricidade ocorre na construção de edifícios, sejam industriais, residenciais ou comerciais. No Brasil o alto índice de desperdício de materiais e o não reaproveitamento do entulho é notório e oneroso.

A adoção de medidas ecológicas durante as obras, primeiro com a escolha do local que não implique em desmatamento ou assoreamento de mananciais, depois com economia de água e de energia no uso de aço, de madeira certificada, tintas à base de água e plástico reciclado, lâmpadas econômicas, amplas janelas para iluminação e ventilação, e vidros especiais para isolar o calor do sol, são medidas que reduzem o impacto
ambiental não somente durante as obras, mas permanecem após a ocupação.

Durante o lançamento do programa Minha Casa Minha Vida, do Governo Federal, que pretende construir um milhão de moradias, foi anunciada a instalação de coletores solares em todas as unidades para aquecimento de água, uma medida que vai gerar importante economia de energia. Está sendo avaliada também a construção de cisternas, para captação e aproveitamento da água de chuva.

Os meios de transporte devem ser equacionados, com ampla campanha que priorize o transporte coletivo e não o individual, como atualmente. A indústria automobilística é uma das molas propulsoras da maioria das economias contemporâneas, talvez a mais afetada pela crise econômica, mas pouco se fala do padrão dos produtos: veículos de uso pessoal, de grandes dimensões, na maioria das vezes desnecessárias, e de alto consumo, com pouca ênfase na produção de ônibus, trens, embarcações e aeronaves, de uso coletivo.

O transporte individual não gera impacto apenas no consumo pessoal, mas exige também a construção e ampliação permanente do sistema viário, a construção de áreas para estacionamento e outras obras que geram mais custos e poluição. Além da impermeabilização do solo, uma das maiores causas de enchentes nas grandes cidades.

Finalmente a produção industrial de bens de consumo que, na procura de redução de custos com vistas à competitividade, não prioriza a redução de emissão de poluentes, o uso de materiais e equipamentos de maior qualidade e durabilidade, ou mesmo um ambiente mais favorável aos trabalhadores. A concepção do produto descartável e de rápida reposição amplia não só os lucros, mas também o desperdício e as agressões ao meio ambiente. O enorme volume de lixo gerado pelo consumo de descartáveis é atualmente um dos maiores problemas das cidades, tanto pela falta de espaço adequado para o descarte como pelo impacto na natureza. O mais notório é o dos plásticos,
largamente utilizado em embalagens de produtos.

Somente a união de esforços das empresas, governos e consumidores, em colaboração mútua direcionada à proteção do meio ambiente e melhoria da qualidade de vida, pode garantir um futuro melhor para as próximas gerações. E a natureza agradece.

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