quarta-feira, 13 de maio de 2009

Teimosia para a fama


Gaúcho, judeu e teimoso. É assim que o jornalista e comediante Rafael Bastos Hocsman, se define. Mais conhecido como Rafinha Bastos do CQC (Custe o Que Custar, programa da Rede Bandeirantes), Rafinha não consegue ficar anônimo na multidão. Também, com dois metros de altura, segundo ele resultado do cruzamento de um boneco de Olinda com uma Chewbacca (personagem de Guerra nas Estrelas), e uma enorme tatuagem tribal no braço esquerdo, fica difícil não ser reconhecido pelos fãs.

“As pessoas são pessoas diferentes com diferentes amigos. Eu sou assim mesmo. É claro que não sou o tempo todo comediante”, destaca o artista, ao ser perguntado se cria personagens para se apresentar no palco ou no CQC. Rafinha iniciou a vida profissional como jogador de basquete nos EUA, mas foi no jornalismo que encontrou sua vocação, e agora como comediante. E não foi o CQC que o impulsionou para a fama, como a maioria das pessoas imagina, mas a Internet, há pouco mais de dez anos, em 1998, quando a rede mundial teve um “boom” de popularidade com sites de jornalismo e humorismo. “É claro que a TV Band, uma emissora aberta, atinge um grande público, mas eu já lotava teatros de dois mil lugares antes do CQC”, afirma.

Seu primeiro fenômeno de popularidade foi a “Página do Rafinha” (http://paginadorafinha.terra.com.br/), no ar até hoje com diversos vídeos do artista, depois com vídeos no Youtube e participação em outros sites de humor e vídeo. No CQC da Band, introduziu uma seção que destoa do humor convencional “mas atende à necessidade de justiça social e cidadania do público”. É o quadro ”Proteste Já”, onde pratica um jornalismo de denúncia com resultados, revelando esquemas de corrupção e desmandos em administrações públicas e cobrando soluções com insistência. Segundo Rafinha, um novo modelo de jornalismo permite a cobrança de resultados, e não fica somente nas denúncias. A produção costuma voltar ao local para cobrar as promessas geralmente feitas à reportagem. “É um tipo de comédia com cunho social. É um quadro diferente, mas é a maneira de fazer, uma oportunidade de ser mais ativo no jornalismo e na realidade social”, define.

Insulto
A Arte do Insulto, de sua própria autoria, conta passagens hilariantes de sua vida e experiências pessoais, “quase todas verdadeiras”. Nem tanto a graça das anedotas cativa o público, mas principalmente sua maneira espontânea e original de falar de si próprio. Temas que falam de sua altura, de gaúchos e judeus são, propositalmente, uma referência a ele mesmo e suas origens. Não poupa críticas também a outros “artistas” como a Xuxa e pagodeiros, a outros programas de TV, e também aos políticos.

Tanto o Rafinha como outros integrantes do CQC (Oscar Filho, Marcos Luque e Danilo Gentili) se desdobram para complementar a renda todos os finais de semana em teatros pelo Brasil, com o mesmo tipo de show, “Stand Up Comedy”, onde apenas o comediante e um microfone se incumbem de entreter o público. Eles recebem da Band, onde gravam durante a semana inteira os quadros do CQC, apenas o salário de jornalista.

A “teimosia”, citada no título, é, segundo definição do Rafinha, seu maior defeito, e também a maior qualidade, o que provavelmente lhe garantiu, com mérito, a fama que conquistou.

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